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Crítica – Andor: O ápice narrativo do universo Star Wars

Não é exagero dizer que Andor redefiniu o que esperamos de uma série dentro do universo Star Wars. Desde sua estreia em 2022 até o final de sua segunda temporada em 2025, a produção criada por Tony Gilroy provou que há espaço, sim, para histórias mais densas, políticas e emocionalmente complexas em uma galáxia muito, muito distante.

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Ao invés de sabres de luz e duelos entre Jedi e Sith, Andor nos entrega espionagem, dilemas morais e personagens que vivem na zona cinzenta entre o certo e o errado. A série acompanha Cassian Andor (vivido com intensidade contida por Diego Luna), um homem comum, sem dons místicos, que se vê forçado a lutar contra um império opressor — não por idealismo, mas por sobrevivência. E é exatamente essa abordagem humana, crua e realista que faz da série uma obra-prima.

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A primeira temporada já havia deixado claro que essa não era apenas “mais uma série Star Wars”. Mas foi na segunda — encerrada recentemente — que Andor consolidou seu lugar como a produção mais sofisticada do universo expandido da franquia. Enquanto outras obras se apoiam na nostalgia e nos easter eggs, Andor aposta em roteiro, direção e atuação. E ganha.

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Tony Gilroy (roteirista de Michael Clayton e Rogue One) constrói um mundo de tensão crescente, onde cada escolha tem peso e cada personagem carrega cicatrizes — físicas e emocionais. A narrativa é lenta quando precisa ser, e brutal quando não há outra saída. A rebelião aqui não é feita de frases de efeito, mas de ações sujas, sacrifícios difíceis e decisões que ninguém quer tomar.

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Diego Luna entrega sua melhor performance até hoje. Cassian começa como alguém que tenta apenas sobreviver, mas aos poucos se transforma em símbolo de resistência — mesmo sem querer. Ao seu redor, um elenco brilhante ajuda a enriquecer esse universo. Stellan Skarsgård como Luthen Rael é um dos grandes destaques: um agente da rebelião disposto a tudo, inclusive se corromper, para derrubar o Império. Genevieve O’Reilly, como Mon Mothma, nos mostra o lado político e sufocante de viver em disfarce no centro do poder imperial.

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A série também impressiona na parte técnica. A fotografia é sóbria, elegante, com locações reais que substituem os cenários digitais e trazem uma textura palpável às cenas. A trilha sonora, assinada por Nicholas Britell na primeira temporada e Brandon Roberts na segunda, foge do convencional e reforça o tom sombrio da trama. E os roteiros… ah, os roteiros! Raros são os momentos em que se pode elogiar o texto de uma série de ficção científica com tanta veemência. Aqui, cada diálogo carrega peso e propósito.

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