Morbius (2022): O anti-herói que prometeu morder, mas só arranhou
- Gustavo S.
- 18 de jun.
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Morbius, dirigido por Daniel Espinosa e estrelado por Jared Leto, é mais um dos tentáculos do universo de vilões da Sony que tenta se agarrar ao sucesso do Homem-Aranha. A proposta era, no mínimo, interessante: um médico brilhante, mas atormentado por uma rara doença sanguínea, que se transforma em uma criatura vampírica ao tentar se curar. Pena que, na prática, o filme sofre de uma anemia criativa que nem o próprio Dr. Morbius conseguiria curar.
Logo nos primeiros minutos, o filme já mostra sinais de pressa e desorganização. A história pula entre continentes, laboratórios e flashbacks, tentando construir um personagem trágico — mas falha em oferecer qualquer profundidade. Jared Leto entrega uma atuação séria, contida até demais, mas que não encontra eco em um roteiro sem alma. Já Matt Smith, como o antagonista Milo, parece estar em outro filme: mais solto, exagerado e, curiosamente, um dos poucos a se divertir no meio da bagunça.
O grande problema de Morbius não está só nos personagens pouco desenvolvidos ou nos diálogos expositivos e sem graça. O que realmente incomoda é o tom inconsistente. Ora flerta com o horror gótico, ora tenta ser um filme de ação genérico. No fim, não acerta em nenhum dos dois. As cenas de combate são confusas, com efeitos visuais datados e uma edição que mais atrapalha do que ajuda. O CGI das transformações de Morbius, em especial, parece ter saído de um jogo de PlayStation 3.
O que poderia salvar a experiência — o dilema moral de um homem entre a sede de sangue e o desejo de salvar vidas — é apenas mencionado, mas nunca realmente explorado. O filme tem pressa de correr para as cenas de ação, mas esquece de dar substância ao que realmente importa: os personagens e suas motivações.
As cenas pós-créditos tentam amarrar Morbius ao Universo Cinematográfico da Marvel, trazendo Michael Keaton como Abutre, em um movimento forçado e mal explicado que mais levanta dúvidas do que empolga. É uma jogada de marketing que parece mais preocupada com franquias futuras do que com o filme atual.
No fim das contas, Morbius virou mais meme do que fenômeno. A famosa piada “It’s Morbin’ time”, que viralizou na internet, talvez tenha sido a coisa mais memorável relacionada ao filme — e isso diz muito sobre o impacto cultural da obra.
Veredito:
Morbius tinha potencial para ser um thriller sombrio sobre um anti-herói trágico, mas se perde em decisões apressadas, efeitos falhos e um roteiro sem pulso. Não chega a ser um desastre completo, mas é mais um exemplo do que acontece quando se tenta construir universos cinematográficos sem uma base sólida.
Nota: 4/10
Talvez valha a pena assistir por curiosidade ou para entrar na piada — mas como filme, Morbius fica devendo. E muito.
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